DENTRO DA NOITE VELOZ
Ferreira Gullar
Na quebrada do Yuro
eram 13,30 horas
(em São Paulo
era mais tarde; em Paris anoitecera;
na Ásia o sono era seda)
Na quebrada
do rio Yuro
a claridade da hora
mostrava seu fundo escuro:
as águas limpas batiam
sem passado e sem futuro.
Estalo de mato, pio
de ave, brisa
nas folhas
era silêncio o barulho
a paisagem
(que se move)
está imóvel, se move
a claridade da hora
mostrava seu fundo escuro:
as águas limpas batiam
sem passado e sem futuro.
Estalo de mato, pio
de ave, brisa
nas folhas
era silêncio o barulho
a paisagem
(que se move)
está imóvel, se move
dentro de si
(igual que uma máquina de lavar lavando
sob o céu boliviano, a paisagem
com suas polias e correntes de ar)
Na quebrada do Yuro
não era hora nenhuma
só pedras plantas e águas
Não era hora nenhuma
até que um tiro
explode em pássaros
e animais
até que passos
vozes na água rosto nas folhas
peito ofegando
a clorofila
penetra o sangue humano
e a história se move
a paisagem
como um trem
começa a andar
Na quebrada do Yuro eram 13,30 horas
Ernesto Che Guevara
teu fim está perto
não basta estar certo
pra vencer a batalha
Ernesto Che Guevara
entrega-te à prisão
não basta ter razão
pra não morrer de bala
Ernesto Che Guevara
não estejas iludido
a bala entra em teu corpo
como em qualquer bandido
Ernesto Che Guevara
por que lutas ainda?
a batalha está finda
antes que o dia acabe
Ernesto Che Guevara
é chegada a tua hora
(igual que uma máquina de lavar lavando
sob o céu boliviano, a paisagem
com suas polias e correntes de ar)
Na quebrada do Yuro
não era hora nenhuma
só pedras plantas e águas
Não era hora nenhuma
até que um tiro
explode em pássaros
e animais
até que passos
vozes na água rosto nas folhas
peito ofegando
a clorofila
penetra o sangue humano
e a história se move
a paisagem
como um trem
começa a andar
Na quebrada do Yuro eram 13,30 horas
Ernesto Che Guevara
teu fim está perto
não basta estar certo
pra vencer a batalha
Ernesto Che Guevara
entrega-te à prisão
não basta ter razão
pra não morrer de bala
Ernesto Che Guevara
não estejas iludido
a bala entra em teu corpo
como em qualquer bandido
Ernesto Che Guevara
por que lutas ainda?
a batalha está finda
antes que o dia acabe
Ernesto Che Guevara
é chegada a tua hora
e o povo ignora
se por ele lutavas
se por ele lutavas
(não acabou)
Este POEMA está numa agenda de 1998 dedicada ao Che.
Nesta edição
O Professor Halem me passou a tarefa do meme.
Pegar o livro mais próximo, sem escolhas:
Fragmentos de Um Discurso Amoroso de Roland Barthes.
Fragmentos de Um Discurso Amoroso de Roland Barthes.
Abrir na página 161 e escrever a quinta frase completa:
Meu discurso monótono não tem “por quê”, a não ser um só, sempre o mesmo: mas por que você não me ama?
Meu discurso monótono não tem “por quê”, a não ser um só, sempre o mesmo: mas por que você não me ama?
Comentar:
É um livro que fala do uso da sinceridade dos sentimentos, no discurso amoroso. Nele, não há uma sequência cronológica de acontecimentos, e sim, as frações de discurso que ele chamou de figuras, pode-se ler a figura que desejar. Um livro muito muitíssimo bonito.
É um livro que fala do uso da sinceridade dos sentimentos, no discurso amoroso. Nele, não há uma sequência cronológica de acontecimentos, e sim, as frações de discurso que ele chamou de figuras, pode-se ler a figura que desejar. Um livro muito muitíssimo bonito.
Passar a tarefinha para outros cinco (em ordem alfabética e mais um, por minha conta(:
Adelaide Amorim, Janasce, Pirata, Professor Marcelo do Resumo, Roy Frenkiel, Sandra Camurça.
El sonido de Carlos Puebla y la canción,
Hasta Siempre Comandante Che Guevara.
Vienes quemando la brisa
Con soles de primavera
Para plantar la bandera
Con la luz de tu sonrisa.
Con soles de primavera
Para plantar la bandera
Con la luz de tu sonrisa.
Hasta.
Um comentário:
Vais, linda,
esse poema do Gullar é lindo. Cumpri sua tarefinha, viu?
Gosto muito de Barthes. Li "Fragmentos..." há anos atrás quando estava muito apaixonada por um cara.Também li a "Aula" que ele proferiu no Collège de France, excelente.
E viva Che!!!
Um beijo carinhoso.
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