terça-feira, 25 de março de 2008

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Uma Viagem

De pés descalços caminho pelos montes...
Numa transmutação dos tempos,
projeto-me às terras áridas.
Caminhando vou e à medida que vou,
meus dedos vão-se esticando
por sobre os duros torrões.
Em dado momento paro, não mais posso seguir.
Ramificações entranham solo adentro;
enraízo-me no deserto.
À volta, a incoerência, nada, senão a imensidão.
Ergo os braços e mal posso olhar minhas mãos,
diante de tão forte claridade, mas posso sentir.
Sim, sinto a estiração dos ossos rompendo a carne.
Ramos surgem por todos os lados,
e uma densa plumagem cobrem-nos.
Meu corpo? Ah, corpo inútil!

_ Endureça a pele, crie camadas, que sejam fortes o bastante, para segura sustentação!
Se assim não for, tombará!

Ficava desta forma à revelia das modificações temporais,
e fortalecia-me a cada dia que dava abrigo
e alimento aos quê por ali passavam.
Sombrio foi aquele que, depois de breve instante sob mim,
arrancou-me até quase, todas as raízes.
Com trovões, caí ruidosamente.
Esquartejada, minhas partes transformaram-se:
Meus dedos estão seguros por minhas mãos;
Meu tronco sustenta as placas de concreto;
Braços e pernas aguentam o peso das metades.
O que restou? Nada?

_ A cratera inundou-se e os fios contorceram-se nas rachaduras,
entrando, penetrando, para um dia voltarem e submeterem à identificação.

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começa aqui a apresentação:
uma história de desenho de perfis.

2 comentários:

Marcelo F. Carvalho disse...

Vais... Isto é belíssimo!
Abraço forte!

Vais disse...

Professor,
saudações, e sempre com satistação de suas visitas
abração Marcelo

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