quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

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Para minha comoção

Tudo Bem

De resto
foda-se
eu deliro, sim
De resto
interpretei como quis
De resto
aguento a procura
nada tem você com isto
De resto
meu querido e desejado
amoleci a cada olhar
De resto
não te amo nem sou apaixonada
é um disparate
De resto
meu desejo é tão intenso...
então transfiro
De resto
um dia
deixei que doesse
De resto
cuidei, cozinhei, varri, passei pano, ...
gargalhei e brinquei
De resto
sublimei o querer
De resto
murmurei, pensei, repetia, repetia
ecoavam todas em mim...
e elas vinham sentidas repetidas
De resto
e sem confundir
deixei você em paz
(2009)




Um trecho d’
A Planície e o Abismo – Rubem Alves

Você sentirá saudades. Saudade é tristeza pelas coisas que amamos e que perdemos. Não é o desejo de voltar ao passado, pois isto não é possível. Saudade é sentir que algo nos foi arrancado. Na saudade é como se fôssemos náufragos numa praia, ajuntando pedaços de um naufrágio. Na saudade saímos dos muitos pequenos desejos que moram nos caminhos do vale, e nos descobrimos frente a um grande desejo, que é a nossa verdade. Saudade é o lugar da busca do Grande Desejo, esquecido, perdido. Percebemos que estamos ficando velhos. Crianças não têm saudades. Elas vivem a inocência e o paraíso do presente permanente. Na saudade descobrimos que pedaços de nós já ficaram para trás. E descobrimos, na saudade, uma coisa estranha: desejamos encontrar, no futuro, aquilo que já experimentamos como alegria, no passado. Só podemos amar o que um dia já tivemos. Não é possível desejar o desconhecido, por mais fantástico que ele possa ser. Pois, como deseja-lo, se nunca o experimentamos? Só podemos desejar aquilo de que temos saudade... Somos seres de saudade.




Saudades

Você sentiu a minha falta?
Eu sinto a sua
Sinto se for pra sentir
Não sinto se for pra não sentir
Mas
Se a falta me vier
Sinto
Enquanto dói
Só rio
Vivo
Pode ter
Debaixo da cama
Só poeira
A noite estrelada
Anuncia a crescente
Não me perco
Tanto na falta
Olho só...
Não sinto só
(2009)


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