Tive, tivemos dois grandes prazeres neste sábado.
Pela manhã de 8 às 12 horas participei do IV Seminário Gestão Democrática – Colegiados Escolares: Fortalecendo a Gestão Democrática, na SMED (Secretaria Municipal de Educação/BH).
Em 14 de junho de 2010 foi instituído o dia 19 de setembro como Dia Municipal da Mobilização Social pela Educação através da Lei Nº 9.932 de autoria do nosso combatente vereador Arnaldo Godoy que faz parte do Comitê Municipal de Mobilização Social pela Educação, por ser o 19 de setembro dia do nascimento do nosso querido Educador Paulo Freire. Este Seminário tem o intuito de fortalecimento dos colegiados e da participação popular nas Escolas e a comemoração da Lei.
Na abertura, uma apresentação teatral do grupo de teatro bibliotecas escolares, coordenado pela Emília com a peça Balaio de gato composta por várias cenas.
Após a apresentação com muitas palmas e bravos, tivemos o imenso prazer da palestra de Walter Pinheiro Barbosa Júnior, consultor do programa nacional de fortalecimento dos conselhos escolares e do departamento de educação da UFRN.
Que maravilha!
Abaixo vão algumas anotações que fiz de sua fala e de sua apresentação na tela:
Bom dia! Significa: muita luz no seu caminho.
E ele vai recitando:
Caboclo Sonhador
(Maciel Melo)
Sou um caboclo sonhador
Meu senhor, viu?
Não queira mudar meu verso
Se é assim não tem conversa
E meu regresso para o brejo
Diminui a minha reza.
Um coração tão sertanejo
Vejam como anda plangente o meu olhar
Mergulhado nos becos do meu passado
Perdido na imensidão desse lugar
Ao lembrar-me das bravuras de Nenem
Perguntar-me a todo instante por Baía
Mega e Quinha como vão? tá tudo bem?
Meu canto é tanto quanto canta o sabiá
Sou devoto de Padim Ciço Romão
Sou tiete do nosso Rei do Cangaço
E em meu regaço fulminado em pensamentos
Em meu rebento sedento eu quero chegar
Deixem que eu cante cantigas de ninar
Abram alas para um novo cantador
Deixem meu verso passar na avenida
Num forrofiádo tão da bexiga de bom.
Principiando
A palavra e a escuta autêntica como referência para o nosso diálogo.
Os lugares brotam dentro da gente. Lugar não é espaço físico, sou uma composição de lugares.
Entre nós ignorância/palavras.
A palavra é um centauro. A palavra é um cavalo com corpo de gente.
Onde estão as palavras?
Quanto mais eu aprendo mais ignorante eu fico, pois muito mais tenho a aprender.
Minha humanidade realiza-se na responsabilidade pelo outro.
Não fomos feitos para enxergar-nos sozinhos.
O colegiado escolar não tem um papel, mas pessoas que atribuem sentido, pessoas que dão sentido.
Ser humano é trágico: saber que está vivo e que vai morrer. Não temos controle sobre a vida.
Política: nós nos gostamos e queremos conviver. Acordos, diálogos.
O Brasil é um ornitorrinco, temos todas as caras do mundo.
Temos o poder de reorganizar, repensar o mundo.
A escola antiga: adestramento X escola atual: movimento
A base da escola são as pessoas.
O filho, a filha faz nascer o pai e a mãe.
E durante sua apresentação vai citando e mostrando frases de Aristóteles, Lícofron, D. Maria I, Aleijadinho, Protágoras, Platão, Rosseau, Pulo Freire. E dá-lhe colegiado escolar, gestão participativa, fóruns, gestão da educação pública, gestar, gerir, participação, desafios, direção das escolas (rumo, caminho)...
E ele termina com esta frase de Guimarães Rosa:
O correr da vida embrulha tudo; a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem. Ser capaz de ficar alegre e mais alegre no meio da alegria, e ainda mais alegre no meio da tristeza...
(Guimarães Rosa)
E explica a:
Metáfora da Educação: um beijo na boca.
Simplesmente apaixonante!
Fico muito agradecida pelas filhas estudarem em escola pública.
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Voltei para casa, pois no final da tarde teríamos visita.
Que delícia! Fiquei honrada.
E Líria se faz assim em “de lua”:
versos para rina
estejas onde estiveres
ao contemplares a lua
(dela não arredo os olhos)
Poderei ver-te
Dir-me-ás
é pouco
dir-te-ei
nem tanto
aos loucos
basta-nos uma gota
e o mar virá
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poderosa
a lua surge rainha
põe-se no meio do céu
o sol não suportaria
essa mulher sem cabresto
que vem e volta sozinha
sem precisar de pretexto
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doidivanas
esta doida de sentires e de pedras
de nublares de viveres e de luas
de sonhares de tornados de dilúvios
esta insana das noites seculares
dos falares dos silêncios dos transtornos
das tempestades desaguares e de lama
esta louca dos amores impossíveis
das demências dos pulsares dos entornos
das claridades dos escuros e dos vãos
esta mulher como tant(r)as
habita-me
E assim em “Dedo de Moça – uma antologia das escritoras suicidas”
versinhos encapetados
quando nasci
não tinha anjo disponível
então um diabinho com um tridente
espetou a minha bunda e disse – vai
cai na vida – não tens outra saída
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elas
a vida é a puta
que em mim se esfrega
e espera que eu resista
às suas curvas
a vida é a santa
que me recusa
e assim me arrasta
para suas pernas
a morte é a mulher
sem intenções escusas
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verídico
foi comprar açúcar
levou mais de vinte anos
um dia voltou
pôs o pacote sobre a mesa
sentou-se acendeu o cigarro
e perguntou – o café
vai demorar?
****************** Líria, um carinho enorme, um grande beijo e muchas grácias.