sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Branco e Catatau em ruas vazias de gente

Pensei em repetir uma postagem (*) com dois escritos (pertencentes aos unidos pelo asterisco) que fiz referentes a esta data, 06 de janeiro, e que não foram nem escritos e nem postados na data citada, hoje ia coincidi-los.
Mas o caso é que fui à estante e peguei este livro, ruas vazias de gente, de Geraldo Magela de Fátima e Moisés Augusto Gonçalves (http://moisesaugusto.blogspot.com/ ), é o que trago.


                        ruas vazias de gente
Apresentação
Poesia. Poema. Ruas vazias de gente é um livro duplo, onde os caminhos se cruzam no mundo imaginário dos sonhos, utopias e palavras. Por um lado, as ruelas interiores. Espelhos d’água refletidos na angustia de cada momento. No cheiro doce da goiaba e no calor das multidões.
            Por outro lado, as estradas bifurcadas pela luta social. A busca constante pela construção de um espírito mais sensível à dor alheia. A dor humana. O sabor das manhãs e o balanço dos barcos sem porto fixo. Definido. Cais de outras linhas.
            Dois atores. Dois autores. Duas vidas. Mas que em um (in) determinado momento, são impulsionados pelo vento para a mesma lida. Transformar em palavras os sentimentos naufragados pela busca.
            Trabalho cunhado pelo suor do rosto, pelo calor das mãos, pelo balanço das nádegas e o movimento dos dias. Colisão antropofágica imersa na alma humana. Antologia no coração das lutas. Ruas vazias de gente é uma leitura de mundo. Dos mundos. Onde o mergulho no simulacro, abre marcas com fogo. Ruas vazias de gente viaja o avesso das coisas. Verso de formas, cores e lua minguante. Clareira de estrelas em noite de porre. Olhar de esperança por essas estradas de pedra-sabão. E outras histórias...
            Geraldo Magela de Fátima (Branco)
            Moisés Augusto Gonçalves (Catatau)
Belo Horizonte- Fevereiro de 2007
                                  
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“Poesia... É flecha de fogo que rasga a alma
            Aceno despido pela calçada
       Palavra polida na curva molhada”

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Geraldo Magela de Fátima (Branco)

            Contraponto
Um sorriso luminoso atravessa o espelho
silhuetas criam um contraste mágico no vidro
o fogo que apaga a água
se queima no labirinto
curvas formadas no rosto
denunciam a idade avançada
de um flamingo,
em trajes de gala
um defunto norueguês revela
a chuva morna e cálida
soprada pela brisa forte do vento
Sons misteriosos
se propagam pela escada,
sombras obscuras se esquivam de esquina em esquina.

Contraponto
Clássico, novo, velho e moderno.
Pós-moderno. A rigidez das ferraduras.
A timidez das linhas de trem
sempre retas.
Demônios coabitam meu espírito
gaivotas cortam o céu de vermelho
anjos me cercam sempre vazios
A vida brota... entre meus dedos,
azul-turquesa denuncia meu grito
mais uma vez me sinto sozinho.

                        *

Eu signo
O mundo do rio é de água.
e eu rio.

O mundo do rio deságua,
e eu mar.

As águas do rio são palavras,
e eu falo.

As margens do rio são de areia,
e eu leito. Fanado.

As pedras do rio se transformam,
em seios. Deleito.

O rio é linguagem de seres aquáticos,
e eu signo.
                       
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“Romper as amarras não é o ocaso
O pássaro que rompe meu peito,
            abraça a aurora... “

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Moisés Augusto Gonçalves (Catatau)

            No cais desta vida
Levanto âncoras de pés virgens de estradas e rumos;
cravados ao chão perderam horizontes, tempos e rimas.
Não viram os navios carregados de gentes e esperanças
                                                               [que se foram,
embaladas na promessa de adeuses sem retornos.
No cais desta vida, sou a lânguida e última fornalha
[acesa;
insisto em ficar acordado, incandescente e alerta
à espera do barco, da lenha,
do sussurro no ouvido,
das mãos bailarinas deslizando
nas curvas suadas do gozo de ter-te.

                        *

            Frêmito
Perdoe-me o frêmito
veemente de vida.
Cavalgo nuvens etéreas,
viajo por horizontes infindos.
Sou pássaro,
minhas asas são sonho.

                        ***********************

 O SOM!!!!!

Jim Morrison




8 comentários:

Moisés Augusto Gonçalves disse...

Minha querida,

Grato pela publicação de nossos poemas. Lindo blog!
Tudo de bom em 2012!

Moisés Augusto (Catatau) e Branco di Fátima (Geraldo Magela)

dade amorim disse...

Beleza, Vais. Vale a pena ler - e ouvir.

Beijo.

Vais disse...

Moisés, é com uma puta satisfação que trago vocês aqui
Grata eu, querido companheiro camarada das lutas

grande abraço e beijos e tudo de bom


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Pois sim, pois sim, Dade, e é um prazer sua presença

beijo grande e um 2012 supimpa

dani carrara disse...

pra vc em dobro, vais,
um beijo.

Vais disse...

agradecimentos e beijos pra ti, Dani

Jorge Pimenta disse...

"Palavra polida na curva molhada"
levo-a comigo. ainda não sei das consequências, mas fervilha fervilha fervilha e já sinto o cheiro da palavra em brasa. lindo, vais.
abraço aos dois!

Anônimo disse...

que as lutas continuem, ao rubro

Beijinho
LauraAlberto

Vais disse...

Muito bonito, né Jorge?!
leve, leve, leve
Ô moço, e que as consequências deste fervilhamento que sinto borbulhar seja um derramamento de palavras queimando

grata pelos abraços
e beijo pra ti


**************

decerto, Laura, lutar faz parte e uma vez comentei de ter a luz vermelha das lutas a iluminar meus caminhos

beijinho, querida moça

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